O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “chantagem inaceitável” a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. Em pronunciamento em rede nacional na noite desta quinta-feira (17), Lula afirmou que o governo brasileiro tentou negociar um acordo nos últimos meses, mas recebeu como resposta “ameaças às instituições brasileiras e informações falsas sobre o comércio entre os dois países”.

Lula também fez duras críticas a políticos brasileiros que apoiam as tarifas impostas por Donald Trump, chamando-os de “traidores da pátria”. Embora não tenha citado nomes, a fala foi interpretada como referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive atualmente nos EUA e tem pressionado o governo americano por medidas contra o Judiciário brasileiro.

Em defesa do sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, o presidente afirmou que o Pix é “um dos sistemas mais avançados do mundo” e “patrimônio do povo brasileiro”. O sistema foi alvo indireto de críticas dos EUA, que alegam desvantagem competitiva para empresas de cartões e plataformas digitais internacionais.

Lula também rebateu a justificativa de Trump sobre um suposto comércio desleal e “déficits insustentáveis” nas relações bilaterais. Segundo ele, os EUA acumulam um superávit de US$ 410 bilhões em 15 anos de trocas comerciais com o Brasil. O presidente afirmou que o país respeita os princípios legais e a soberania do Judiciário, rebatendo insinuações de que haja perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por fim, Lula afirmou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) e poderá acionar a Lei de Reciprocidade para responder às sanções americanas. A medida autoriza o país a adotar tarifas semelhantes contra produtos estrangeiros quando houver barreiras unilaterais impostas ao Brasil.